Caminha devagar, conta os passos
Coloca com cuidado a bengala
Atravessa a casa até à sala
E sentando-se, poisa seus cansaços.
É um idoso que conta os dias
E trás consigo a hora compassada
Fazendo da indolência assim respirada
Em contracções que afastam arrelias.
Ri-se do passado, do tempo consumido
Em momentos feitos de aventuras
Laivos de rompantes feitos de loucura
Revendo um ou outro facto constrangido.
Tudo é presente, o hoje, o agora
Um velho em memórias já desfeito
Com lembranças boas, num ar mais satisfeito
Ou nas tristezas, consumidas, que não chora.
Nesta indolência feita de pensamentos enredados
Coça a cabeça alva, cai na real
Rebobina imagens, suspende o seu final
Vivendo de tempos diversos e cruzados.
28.08.2008
Mário Matta e Silva
Postado por Liliana Josué